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Festival Cena Contemporânea chega a reta final, confira as atrações

Sem palavras, da Companhia Brasileira de Teatro, e Antes do tempo existir, com direção de Andreia Duarte são destaques da última semana do festival Cena Contemporânea

*Mariana Saraiva *Pedro Ibarra
postado em 06/07/2022 06:00
 (crédito: Nina Moraes )
(crédito: Nina Moraes )

O Cena Contemporânea chega à reta final. O festival de teatro apresenta os cinco últimos dias de espetáculo com peças do DF, de estados brasileiros e internacionais. O Correio destaca títulos fortes da despedida da 23ª edição do evento que voltou a movimentar o teatro de Brasília presencialmente, após dois anos no formato virtual.

  • Espetáculo Supersó e outros videoclipes Diego Bresani/Divulgação

A Companhia Brasileira de Teatro, grupo de São Paulo, chega ao Cena com o espetáculo Sem palavras, uma série de crônicas individuais que fazem uma grande reflexão sobre  corpos, imagens sociais, referências, histórias de vida e mundos imaginados de pessoas diferentes. "Apesar do título, ele é um trabalho que aborda muitas palavras e a palavra de um modo descolonizado. É uma provocação e se abre para algumas perspectivas de entendimentos. É um pouco a estupefação diante das radicais transformações e opressões, violências e incongruências do mundo de hoje. Mas também a ideia da palavra como  lugar de poder. Cada pequeno universo desses reflete o nosso tempo e tudo que está acontecendo aí fora", afirma o diretor Márcio Abreu. "São possibilidades de pensar o agora movendo espirais para que a gente possa ter futuro em algum momento", completa.

A peça é uma aposta do Cena, já que faz toda esta reflexão sem usar palavras. "Estar no Cena com Sem palavras é uma oportunidade crucial para trajetória da peça, para a minha como artista também e para a Companhia Brasileira", diz Abreu. "Esta edição dialoga completamente com as questões que estão no cerne dessa peça", elogia.

Antes do tempo existir  é uma criação coletiva de artistas indígenas e não indígenas, sob a direção da atriz e pesquisadora Andreia Duarte, com a participação de líderes, pensadores e artistas indígenas Ailton Krenak, Davi Kopenawa, Denilson Baniwa, Jaider Esbell, Naine Terena e Zahy Gujaraja, entre outros. A peça estará em cartaz na Sala Mulitiuso  do Espaço Cultural Renato Russo. O trabalho traz ao Cena a cultura indígena, com a conexão entre o animal, o vegetal, os espíritos da floresta, a chuva e o vento. Em cena, o elenco se alterna com depoimentos, as próprias biografias e passagens performáticas transitando entre o real e a ficção.  A peça se propõe a proporcionar uma imersão no universo indígena.

A diretora Andrea Duarte tem como proposta  desmistificar o papel tradicional do texto no teatro, entendendo a dramaturgia como o conjunto de sentidos propostos por todos elementos cênicos. "Fazer um espetáculo sobre a causa indígena é uma forma de mostrar que existem outros pensamentos sobre a vida vão além do dinheiro. Ouvir e dialogar com esses povos e seu olhar sobre a vida é muito enriquecedor. O objetivo é poder alcançar o público pelo sensível e produzir questionamentos", comenta a diretora.

Com coprodução do Festival Internacional de Buenos Aires (FIBA), Solilóquio é dirigida e interpretada pelo artista argentino Tiziano Cruz. A primeira parte é realizada na rua e conta com a participação especial do Bumba Meu Boi do Seu Teodoro. Em seguida, o espetáculo adentra o Teatro Galpão Hugo Rodas. A encenação questiona o fato de se sentir imigrante em sua própria terra, uma questão ligada aos povos do norte da Argentina, em uma sociedade que valoriza uma política de branqueamento. Tiziano traz traços autobiográficos e a regionalidade transmitida por meio da materialidade cênica.

"Solilóquio é uma peça que interage com a minha mãe, vai em direção à minha origem, à procura do início de algo, neste caso da minha vida. Me ajuda a poder me reconhecer dentro de um território que desejou e deseja que corpos como o meu não existam, pelo simples fato de não ser branco", destaca Tiziano.

Um dos representantes de Brasília, o grupo Tripé realiza um dos atos de encerramento do festival com o espetáculo Entre quartos. Há 10 anos sendo apresentada, a peça chega com o sexto elenco diferente e a mesma vontade. "Fazer e refazer Entre quartos é nos encontramos com nossas maturidades, com nossos amores adolescentes, com as nossas seriedades adultas, com um flerte eterno com a vida", aponta a atriz Ana Quintas. A apresentação não será o único motivo para comemorar."Sábado, dia 9 de julho, completaremos 10 anos de grupo. Poder fazer isso em cena será um experimento científico sobre as dobras do tempo", afirma o ator Gustavo Haeser.

UBERCAPITALISMO (DF)

Hoje

Sala Multiuso - Espaço Cultural Renato Russo, às 19h30. Ingressos a partir de R$20,00 (meia-entrada). Classificação Indicativa Livre

CORDEL DO AMOR SEM FIM OU A FLOR DO CHICO (SP)

Hoje

Teatro SESC Garagem, às 20h. Ingressos a partir de R$30,00 (meia-entrada). Não recomendado para menores de 14 anos.

AFETO (DF)

Hoje

Teatro SESC Paulo Autran, às 20h. Entrada franca.Não recomendado para menores de 12 anos.

SEM PALAVRAS, COM COMPANHIA BRASILEIRA (SP)

Hoje e Quinta-feira

Teatro Galpão Hugo Rodas (508 sul),

às 21h. Ingressos a partir de R$30 (meia-entrada). Não recomendado para menores de 18

SUPERSÓ & OUTROS IDEOCLIPES (DF)

Quinta e sexta

Complexo Cultural Planaltina,às 19h.Entrada Franca. Não recomendado para menores de 14 anos.

EXPERIÊNCIA 2: ENCUENTROS BREVES CON HOMBRES REPULSIVOS (ARGENTINA)

Sexta, sábado e domingo

Teatro SESC Garagem (913 Sul) às 20h. Ingressos a partir de R$30 (meia-entrada). Não recomendado para menores de 14 anos.

LÁGRIMAS NO MAR COM ARNALDO ANTUNES

Sexta e sábado

Conjunto Cultural da ADUnB às 20h.Ingressos a partir de R$40(meia-entrada).Não recomendado para menores de 6 anos.

PEDRA(P)ARIDA (DF)

Sexta e sábado

Teatro SESC Paulo Autran, às 20h.Entrada Franca. Não recomendado para menores de 18 anos.

ANTES DO TEMPO EXISTIR (SP)

Sexta, sábado e domingo

Sala Multiuso - Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul), às 20h30. Ingressos a partir de R$30 (Meia-entrada). Classificação indicativa livre

SOLILÓQUIO (ME DESPERTÉ Y GOLPEÉ MI CABEZA CONTRA LA PARED) (ARGENTINA)

Sábado e Domingo

Teatro Galpão Hugo Rodas (508 Sul) às 18h30. Ingressos a partir de R$30 (meia-entrada). Não recomendado para menores de 12 anos.

ENTRE QUARTOS COM O GRUPO TRIPÉ (DF)

Sábado e domingo

Teatro Casa dos Quatro às 20h.Ingressos a partir de R$ 20 (meia-entrada). Não recomendado para menores de 14 anos.

 

 

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